Mesa-redonda debate sustentabilidade do Plataforma Work4Progress

No âmbito da reunião anual do programa Work4Progress, ocorrida, recentemente, em Maputo, realizou-se uma mesa-redonda sob o tema “Impacto dos programas sociais de geração de renda e emprego, sustentabilidade e como promover o seu fortalecimento através de redes de parceiros”.

A mesa-redonda, moderada por Rosânia da Silva, Directora Executiva da FUNDE, e Gorka Espiau, da Fundação La Caixa, teve como oradores principais Oswaldo Petersburgo, Secretário de Estado da Juventude e Emprego, Paulo Oliveira, da CTA, Jamisse Uilson Taímo, reitor da Universidade de Ciência e Tecnologia Joaquim Alberto Chissano, e Adriano Nuvunga, director executivo do Centro para Democracia e Desenvolvimento.

Oswaldo Petersburgo – Secretário de Estado da Juventude e Emprego

Como Governo, através da implementação de programas, temos a obrigação de responder aos anseios de todos, sem deixar ninguém para trás. E para o sucesso da intenção do Governo, contamos com uma rede de parceiros que temos que reconhecer. Falo de entidades do sector produtivo, parceiros de cooperação, academia e sobretudo a sociedade civil. Hoje falarei somente de quatro grandes pilares, que conduzem os nossos programas, o que chamamos de medidas activas de empregabilidade. São medidas de impacto real e sustentáveis na vida dos moçambicanos, na extensão e dimensão real do País. O nosso triângulo de medidas de emprego olha um pouco para a orientação, capacitação, financiamento, sendo que o objectivo final é o empoderamento.

Paulo Oliveira – CTA

A maior parte dos empresários têm dificuldades em responder sobre os impactos dos programas sociais de geração de renda. A maioria de nós não sabe da existência desses programas ou tem dificuldades em nomear, pelo menos, três desses programas. Não querendo apenas levantar questões sem respostas, julgo que, neste momento, algumas acções prioritárias podem ser tomadas, tais como o mapeamento destes programas que têm gerado um impacto e vermos como é que podemos apoiar na qualidade de membros do sector privado. Não podemos apenas olhar para programas amplamente divulgados, mas penso que podemos olhar para o nível micro e em especial para as regiões suburbanas e os distritos, onde as pessoas precisam muito mais, o que ajudaria a minimizar o problema da fome e da criminalidade.

Jamisse Uilson Taímo Reitor da Universidade de Ciência e Tecnologia Joaquim Alberto Chissano

Temos o aumento populacional no País, mas ao mesmo tempo temos dificuldades na oferta do emprego, isto é, o aumento da oportunidade de emprego. Isto devido ao próprio estágio de desenvolvimento de Moçambique. Hoje falamos da industrialização e de outros elementos que têm como função aumentar este leque de formação do emprego. Mas, como é que as nossas instituições de formação lidam com a questão do crescimento populacional ao mesmo tempo que devemos lidar com a oferta de emprego? Estes elementos, para mim, são importantes do ponto de vista da sustentabilidade ou impacto social.

Adriano Nuvunga – Director Executivo do Centro para Democracia e Desenvolvimento

O que se dá aos jovens são migalhas. Mas até que isso não era um problema. O mais grave é o que significam essas migalhas em relação ao que se perde por manter os jovens afastados, essa é a questão de fundo. O jovem é o único que entende melhor os desafios do tempo de agora. Mas todas as estruturas de governação e organização da sociedade olham para os jovens afastados. Refiro-me ao jovem e à jovem mulher, em particular. Basta olhar para a relação entre os homens e as mulheres nos cabeças de lista dos partidos políticos. Não estão lá as mulheres e quando estão trata-se de um município recôndito, que nem nos lembramos do seu nome. Nos municípios onde abundam os recursos não estão lá as mulheres.

Lourenço do Rosário – Presidente da FUNDE

Foi de facto estimulante ouvir o cruzamento de ideias, o que é importante. Porque nós não temos que ser unânimes, uma vez que a unanimidade retarda a dinâmica do progresso. Há um aspecto que me parece que inclina um pouco as nossas relações institucionais, que é a sensação de exclusão mútua entre aquilo que nós queremos fazer em prol da sociedade. É uma espécie de criação de cultura de corporação, que exclui aquele que pensa diferente, como sendo um adversário e não um somador de ideias que nos possam fazer avançar. Esse é um aspecto que gostaria de colocar aqui. Neste momento, eu tenho conhecimento de plataformas que estão a fazer mais ou menos coisas de forma semelhante ao programa Work4Progress, para as mesmas comunidades, e muitas vezes, agredindo-se mutuamente. Isto é algo que, para mim, não compete nem ao Governo, nem ao Sector Privado, nem à sociedade civil resolver sozinho.

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