Qualidade como força motriz do Ensino Superior: Desafios para o século XX

10 de Abril de 2018

A Pró-Reitora para Pós-Graduação, Investigação Científica, Extensão Universitária e Cooperação da Universidade Politécnica, Prof.ª Doutora Rosânia da Silva, considera que o senso-comum tem dominado as discussões sobre a qualidade do ensino superior moçambicano, razão pela qual têm sido apontados mais falhas ou deficiências do sistema do que os sucessos alcançados.

Para a Prof.ª Doutora Rosânia da Silva, os defensores desta corrente ignoram o facto de grande parte dos académicos e quadros que hoje estão a gerir, de forma competente, as instituições públicas e privadas no País terem sido formados em universidades nacionais.

Entretanto, a Pró-Reitora para Pós-Graduação, Investigação Científica, Extensão Universitária e Cooperação da Universidade Politécnica admite a possibilidade de as falhas e deficiências apontadas ao ensino superior moçambicano se deverem ao desequilíbrio e ao desnível existente entre as instituições.

“O desequilíbrio e o desnível entre as instituições que actuam no País têm feito com que a balança penda sempre para as falhas e não para os sucessos do sistema”, explicou Rosânia da Silva durante a oração de sapiência por si proferida, recentemente, na cidade de Tete, por ocasião da abertura do ano lectivo do Instituto Superior Universitário de Tete (ISUTE), uma unidade orgânica da Universidade Politécnica.

Por isso, “ainda se dá mais valor a um diploma estrangeiro, ainda que emitido por uma universidade desconhecida e sem nenhum prestígio até dentro do próprio País, do que um emitido por uma instituição moçambicana”, acrescentou.

De acordo com a Professora, algumas das falhas e deficiências apontadas têm que ver com os altos índices de aprovações ou reprovações, os atrasos ou as abstenções dos docentes, o fraco desempenho dos docentes na transmissão dos conteúdos, entre outros factores.

Neste sentido, Rosânia da Silva defende a necessidade da definição de modelos e parâmetros de qualidade consentâneos à realidade do País. “Ao analisar uma universidade de um país em desenvolvimento, como é o caso de Moçambique, buscando modelos e parâmetros das universidades europeias ou de grandes e tradicionais centros de conhecimento, estamos a buscar modelos externos nos quais procuramos encaixar-nos. A definição dos indicadores de qualidade no ensino superior deve estar relacionada com os diversos intervenientes do processo, nomeadamente estudantes, professores, gestores, mercado de trabalho/empregadores”.

“Moçambique já trilhou um longo percurso desde a independência nacional, em que havia uma única universidade pública com um número reduzido de estudantes, até o momento actual, em que temos 52 instituições de ensino superior e cerca de 175.000 estudantes. Este é um indicador quantitativo, mas não podemos sequer pensar nos indicadores qualitativos se não tivermos um número cada vez maior de estudantes com acesso ao ensino”, concluiu.

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